Hélio Machado: O Poeta Caboclo que Marcou os Anos em Portel

Portel, ao longo de seus 266 ou 300 anos, viu surgir novos habitantes de diferentes lugares. Um desses filhos notáveis foi Hélio Pereira (Souza) Machado, o poeta caboclo que, com sua poesia enraizada na terra e no suor, deixou uma marca indelével na história da cidade.

Hélio Machado/Reprodução

Originário de Breves, Pará, Hélio Machado escolheu Portel como sua morada. Aqui, ele não apenas fincou raízes, mas também cultivou árvores, gerou filhos e imortalizou suas palavras em livros. No entanto, mesmo com tanto talento, sua genialidade muitas vezes passou despercebida e não recebeu o devido reconhecimento.

Hélio Machado, carinhosamente chamado de tio Hélio, expressava sua poesia inspirada na vida do povo e no ambiente ao seu redor. Suas composições, comparáveis a grandes nomes como Patativa do Assaré e Lourival Batista, abordavam desde as alegrias até as adversidades da vida. Entre suas criações, destaca-se uma sátira à exploração sofrida pelo povo diante dos comerciantes, onde menciona figuras locais como Othon, Levindo Passa o sal e Trindade.

Além de suas incursões na música, Hélio Machado também explorou outros temas em sua poesia. Ele abordou questões políticas, referindo-se ao período governado por Felizardo Diniz, e adentrou no universo das crendices populares ao narrar a história de um misterioso pajé que surgiu às margens do Rio Anapú, realizando curas e milagres, mas também causando malefícios.

Em 1982, durante as eleições, suas palavras se voltaram para a política local: "Quem trabalha com ferramenta, pega nela primeiro pelo cabo, sessenta votos que tenho são todos para o João Brabo". Suas composições capturavam não apenas a essência das experiências cotidianas, mas também refletiam o espírito crítico e observador de Hélio Machado.

Nascido em 1916 e falecido em agosto de 2006, aos 90 anos, em Macapá, AP, Hélio Machado deixou um legado literário que perdura, apesar de não ter recebido o reconhecimento merecido em vida. Seu nome permanece escrito nas páginas da história artística de Portel, testemunhando a contribuição valiosa desse poeta caboclo para a riqueza cultural da região.

Com informações: João Carlos Costa

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