Títulos e Histórias que Marcaram Época no Futebol de Portel

Portel, década de sessenta, era um município que vivia um verdadeiro estado de graça no campo econômico. A chegada da multinacional Georgia Pacific transformou a cidade, elevando o mercado de trabalho e conferindo-lhe um status de paraíso econômico. No epicentro desse boom estava João Paulo Barbosa, que se destacou não apenas pelos feitos no cenário empresarial, mas também por deixar sua marca no fervoroso futebol local.

Enquanto as rivalidades entre Aliança e Amazonas já alimentavam a paixão esportiva, a chegada da multinacional trouxe consigo a importação de verdadeiros craques da bola, na época chamados de "Boleiros". Um desses ícones foi João Paulo, vindo da cidade de Curralinho e trazendo consigo uma breve experiência nos campos de pelada em Belém do Pará.

Assumindo a camisa 4 do Amazonas como funcionário da CIA AMAZONAS, João Paulo se tornou uma espécie de xerife do time. Sua passagem pelo clube foi marcada por uma invencibilidade de onze partidas, sendo nove delas sem sofrer gol. Ele não apenas participou da maior goleada já registrada em Arucará, um impressionante 11 x 02 na seleção de Igarapé Miri, como também foi o artilheiro da partida com 4 gols. Posteriormente, transferiu-se para o Aliança, antes de se mudar para Belém nos anos sessenta, onde ingressou na Polícia Militar do Pará, abrindo caminho para sua atuação nos gramados da capital.

Após uma carreira notável que incluiu passagens por Tirades da PM e Liberato de Castro, João Paulo retornou a Portel após a aposentadoria, onde hoje vive na glória de Deus Pai.

A década de 1950 testemunhou o surgimento de Herculano Paiva Neto, um jovem apaixonado por futebol, oriundo de uma família conservadora que, inicialmente, não via com bons olhos a paixão do garoto. Entregue aos cuidados do juiz de direito Nélio Reis, Herculano teve seu sonho de jogador de futebol reprimido, mas sua paixão pela bola falou mais alto.

Apelidado de Toninho Abaeté, o jovem talentoso partiu para Abaetetuba, onde iniciou sua jornada no futebol. Suas passagens por clubes como Clube do Remo, Tuna Luso, Anapolina, Moto Clube e Portuguesa o levaram até o futebol francês, retornando ao Pará para encerrar sua carreira no Izabelense e no Esporte Belém.

Toninho Abaeté, que também defendeu as cores de Fabril e Camel, conquistou títulos por seus clubes do coração e triunfou em times como Remo e Anapolina, além de ser tricampeão pelo Moto Clube do Maranhão. Uma saga que levou um jovem de Abaeté a se tornar uma lenda do futebol em Portel.

Sebastião Andrade Carneiro, conhecido como "Toró", iniciou sua jornada no futebol aos dezesseis anos, jogando pelo Atalaia em Breves. Sua habilidade e paixão pelo esporte o trouxeram para Portel, onde vestiu as camisas do Aliançinha, Aliança e Amazonas.

Na década de setenta, o coração de Toró pulsava pelo União Fabril, mas a resistência do presidente Luiz Primavera adiou sua entrada. Sob a liderança de Bento Raulino, ele se tornou ídolo do União Atlético Portelense, conquistando sete títulos e jogando até os quarenta e três anos.

A figura folclórica de Toró, que jogava com uma faca no meião, intimidou atacantes e ficou marcada na memória local. Hoje, aos setenta e sete anos, ele continua jogando futsal em Portel, sendo aclamado como "o melhor goleiro que viu", nas palavras de Toninho Abaeté. Uma história que perpetua a paixão e a glória do futebol em Portel.


Com informações: João Carlos Costa
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